Dr Cláudio em entrevista para GPS Lifetime
“Alerta! Câncer de cabeça e pescoço atinge cerca de 41 mil brasileiros anualmente”
GPS | LIFETIME
27/07/2018 07:12 – ATUALIZADO 16/09/2020 16:27
No dia de combate a esses tipos de cânceres, GPS|Lifetime faz uma investigação sobre as enfermidades pouco divulgadas, mas ainda fatais
Preocupado com um pequeno inchaço atrás da orelha, Rogério Vaz Braga, de 41 anos, decidiu procurar um médico para saber o que poderia ser. O especialista, a princípio, disse a ele que seria apenas um caroço e que logo desapareceria. À época, Rogério passava por problemas emocionais, após a morte dos pais e o processo de separação.
Passados três meses, Rogério acordou sentido fortes pontadas na cabeça e, incomodado com as dores repentinas, foi parar no hospital novamente. Só que desta, a notícia não foi nada animadora. O pai de família não sabia que aquele domingo, 15 de outubro de 2017, marcaria sua vida para sempre.
Diagnosticado com câncer de cabeça e pescoço, Rogério logo foi encaminhado para um oncologista e um cirurgião especializado da doença. Pouco tempo depois, após diversos exames, realizou o primeiro procedimento cirúrgico e iniciou o tratamento com radio e quimioterapia. As sequelas, contudo, o acompanham até hoje: perdeu parte dos movimentos de um dos lados do rosto. “Mas graças a Deus a minha recuperação tem sido boa. Já passei por sete sessões de quimio e 33 de radioterapia.” Ele dá a dica: “Se sentir qualquer coisa anormal no seu corpo, procure imediatamente um médico. No meu caso, o nódulo apareceu do nada”, destaca.
Pouco conhecido
Rogério faz parte do grupo de quase 700 mil pessoas no mundo atingidas pelo câncer de cabeça e pescoço. Metade desse número morre, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) estima que 43 mil pessoas devem ser diagnosticadas com a doença até o final de 2018.
O tipo de câncer atinge, por exemplo, boca, língua, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe e até a pele. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são o cigarro, a bebida e o vírus HPV. Mas isso não quer dizer que apenas esse grupo de pessoas pode desenvolver a patologia. É o caso de Rogério que, apesar do diagnóstico, nunca fumou e também não consome álcool.
Cirurgião oncológico e especialista em câncer de cabeça e pescoço do Hospital Santa Lúcia, o doutor Cláudio Cavalcanti ressalta que a patologia ainda é muito pouco conhecida. Segundo ele, algumas situações devem chamar a atenção das pessoas para procurarem um profissional de saúde. No caso da boca, Cláudio diz que qualquer ferida no local que demore mais de 15 dias para cicatrizar já deve ser motivo de preocupação. Na faringe, por exemplo, ele afirma que os sintomas começam normalmente com uma rouquidão. Já na tireóide, qualquer nódulo que venha aparecer é sinal um alerta.
Julho Verde
Durante todo o mês de julho, o Brasil se mobilizou na Campanha Julho Verde, que faz parte das celebrações do Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, que é comemorado nesta sexta, 27. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são cerca de 41 mil novos casos anualmente. Além de garantir o diagnóstico e o tratamento adequados, o intuito da ação é informar a população sobre este tipo de câncer e buscar prevenir novos casos.
Referência nacional, o oncologista clínico chefe do Hospital Santa Lúcia, doutor Fernando Maluf, lembra que o Brasil é o terceiro país com mais casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo. Ele diz que a doença pode ser prevenida, sobretudo, com mudanças de hábitos. “Álcool, tabaco e HPV são extremamente preveníveis”, pondera.
O diagnóstico precoce fez toda diferença para Rogério. O oncologista reforça que qualquer anomalia que aparecer no corpo deve ser examinada. Assim, se for o caso, o tratamento poderá ser iniciado imediatamente, reduzindo os riscos de algo pior. No entanto, nem todo mundo segue as recomendações. Dados da SBCCP revelam que cerca de 75% dos pacientes já chegam ao hospital com o estágio da doença avançado. “O tratamento precoce do câncer de cabeça e pescoço oferece chances de cura de 95%”, finaliza.
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Artigo original em:
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